segunda-feira, 3 de junho de 2013

O soldado jogador.


O soldado jogador.

Era um soldado Frances
Que se chamava Ricarte
Jogador de profissão
Nunca foi pra uma parte,
Que não trouxesse no bolso
O resultado da arte.
 
Os franceses nesse tempo
Tinha por obrigação
O militar e o civil
Seguia religião
O papa deitava a lei
E botava em circulação.
 
Ricarte soldado velho
Com vinte anos de tarimba
Aonde ele achava jogo
De lasquinê ou de marimba
Dizia: - logo eu vou ver
Água, na minha cacimba.

Um dia faltou-lhe o soldo
Aí pôs-se Ricarte a pensar
Onde podia haver jogo
Que ele pudesse jogar
Era domingo e a missa
Não havia de tardar.

Tocou a entrada da missa
Veio um sargento chamá-lo
Ricarte ainda pediu
Para ele dispensá-lo
Lhe respondeu o sargento
Sou obrigado a mandá-lo.

Ricarte foi para a missa
Com grande constrangimento
Era obrigado a seguir
A lei do seu regimento
Mas não podia afastar o
O jogo do pensamento.

O soldado na igreja
Chegando se ajoelhou
Trouxe no bolso da blusa
Um baralho que tirou
E encaçapando as cartas
Uma patota formou.

Não viu que tinha atrás dele
Um sargento ajoelhado
E ali observou
Tudo quanto foi passado
E disse depois da missa
Você está preso soldado.

Efetuando a prisão
Seguiu no mesmo instante
Foi com o soldado preso
A casa do comandante,
Dizendo ter cometido,
Um crime muito agravante.

Eis aí meu comandante
Está preso aí um soldado
Que foi ao templo ouvir missa
E estava lá ajoelhado
Encaçapando um baralho
Que trás no bolso guardado.

Perguntou-lhe o comandante
Quem deu-te esta criação
Disse Ricarte o senhor
Se ouvisse a minha razão
Eu lhe direi o motivo
Que existe pra essa ação.

Que motivo tem você,
Sabendo que é proibido,
Ignora que o jogo
No exército foi abolido?
Disse Ricart:  - Meu jogo

Muda muito de sentido.

Muda de sentido como?
Disse Ricarte: - Eu direi:
Pois Explique como é
porque eu o ouvirei
Depois da explicação
ou o solto ou o castigarei.

Disse Ricarte primeiro
É preciso eu confessar
Que eu ganho um soldo mesquinho
E esse soldo não dá
Para eu comprar um livro
Para na missa rezar.
 
Por isso compro um baralho
E rezo nele constante.
Mas que reza há num baralho? 
Perguntou-lhe o comandante.
Há tudo da escritura,
Velho, novo e assim por diante.

Então disse o comandante,
Você vem errado a mim.
Disse Ricarte eu explico,
do principio até o fim.
Como é essa oração?
Disse Ricarte é assim.

Por exemplo: A carta ás
Que tem um ponto somente
Me faz recordar que existe
Um só Deus onipotente
Que quando chamamos por Ele
Oencontramos presente.

Quando eu pego no Dois
Ali premedito eu
Que em duas tábuas de pedra
O criador escreveu
E quando em sarças ardentes
A Moisés apareceu.

Quando eu pego o Três
Me recordo a divindade
Por exemplo: as Três Pessoas
Da Santíssima Trindade
Que todos nós conhecemos
O Espírito, o Filho e o Padre.

O quatro lembra-me as quatro
Maria de Nazaré
Que foram: Maria Alfa
E Maria Salomé
Madalena e a Virgem Pura
 Esposa de São José.

O cinco faz me lembrar
Aquele dia de fel
As cinco chagas de Cristo
Feitas por mão de cruel
Que matou crucificado
O filho de Deus de Israel.

Quando eu pego no seis
Me vem à imaginação
Que seis dias o Senhor
Passou na obra da criação
Formou tudo quando existe
Sem em nada por a mão.

O sete lembra-me a hora
 Negra, triste e amargurada,
Os sete passos de Cristo
Em sua paixão sagrada
E com sete espadas de dores
A mão de Cristo foi cravada.

No oito vejo as pessoas
Que do dilúvio escaparam
Noé, a mulher e os três filhos
E três noras se salvaram
O resto as águas cobriram
Aonde todos se afogaram.

Quando eu pego no nove
Me vem a imaginação
Os nove meses ditosos
Da divina encarnação
Que Jesus passou no ventre
Da Virgem da Conceição.

Quando eu pego no Dez
Não posso mais me esquecer
Que Dez mandamentos ficaram
Para o mundo se reger
Os Dez se encerra em dois
Como todo mundo vê.

Quando eu pego a sota 
Vem-me a lembrança daquela
Que todo Jerusalém
Enriqueceu só com ela
Aquela que deu a luz
Ficando a mesma donzela.

Quando eu pego no rei
Me lembro do rei da glória
O ente mais poderoso
Que já vimos na história
Que não precisa soldado
Para alcançar a vitória.

Eis aí meu comandante
A razão do seu soldado
Não posso comprar um livro
Meu soldo é muito mirrado
Por isso compro um baralho
Porque só custa um cruzado.

Então disse o comandante
Em toda carta falaste
Te esqueceste do valete
Foi porque não te lembraste?
 Não é também uma carta
Porque não o representaste?

Lhe respondeu o soldado
 Valete é carta ruim
Quando eu compro um baralho
Tiro ela e dou-lhe fim
Tem traços desse sargento
Que denunciou de mim.

Então disse o comandante
Ricarte tu és passado
Tem vinte anos de praça
Foi tempo bem empregado
Vou te passar a sargento
E dou-te o soldo dobrado.

Aluno: Senhor Alcides.
*(imagem - foto colorida tirada da cintura para cima do Senhor Alcides que está sentado na sala de trabalhos manuais em macramê.
Ele está vestindo a camiseta amarela que é uniforme da escola es está sorrindo.
Atrás dele tem uma mesas com um tapetes e uma cadeira).

 

 

 

 

 

 

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