O soldado jogador.
Era um soldado Frances
Que se chamava Ricarte
Jogador de profissão
Nunca foi pra uma parte,
Que não
trouxesse no bolso
O resultado da arte.
Os franceses nesse tempo
Tinha por obrigação
O militar e o
civil
Seguia religião
O papa deitava a lei
E botava em circulação.
Ricarte soldado velho
Com vinte anos de tarimba
Aonde ele
achava jogo
De lasquinê ou de marimba
Dizia: - logo eu vou ver
Água, na minha
cacimba.
Um dia faltou-lhe o soldo
Aí pôs-se Ricarte a pensar
Onde
podia haver jogo
Que ele pudesse jogar
Era domingo e a missa
Não havia de
tardar.
Tocou a entrada da missa
Veio um sargento chamá-lo
Ricarte
ainda pediu
Para ele dispensá-lo
Lhe respondeu o sargento
Sou obrigado a
mandá-lo.
Ricarte foi para a missa
Com grande constrangimento
Era
obrigado a seguir
A lei do seu regimento
Mas não podia afastar o
O jogo do
pensamento.
O soldado na igreja
Chegando se ajoelhou
Trouxe no bolso
da blusa
Um baralho que tirou
E encaçapando as cartas
Uma patota formou.
Não viu que tinha atrás dele
Um sargento ajoelhado
E ali
observou
Tudo quanto foi passado
E disse depois da missa
Você está preso
soldado.
Efetuando a prisão
Seguiu no mesmo instante
Foi com o
soldado preso
A casa do comandante,
Dizendo ter cometido,
Um crime muito agravante.
Eis aí meu comandante
Está preso aí um soldado
Que foi ao
templo ouvir missa
E estava lá ajoelhado
Encaçapando um baralho
Que trás no
bolso guardado.
Perguntou-lhe o comandante
Quem deu-te esta criação
Disse
Ricarte o senhor
Se ouvisse a minha razão
Eu lhe direi o motivo
Que existe pra
essa ação.
Que motivo tem você,
Sabendo que é proibido,
Ignora que o
jogo
No exército foi abolido?
Disse Ricart: - Meu jogo
Muda muito de sentido.
Muda de sentido como?
Disse Ricarte: - Eu direi:
Pois Explique como é
porque eu o ouvirei
Depois da
explicação
ou o solto ou o castigarei.
Disse Ricarte primeiro
É preciso eu confessar
Que eu ganho
um soldo mesquinho
E esse soldo não dá
Para eu comprar um livro
Para na missa
rezar.
Por isso compro um baralho
E rezo nele constante.
Mas que reza há num baralho?
Perguntou-lhe o comandante.
Há tudo da escritura,
Velho, novo e assim por diante.
Então disse o comandante,
Você vem errado a mim.
Disse Ricarte eu explico,
do principio até o fim.
Como é essa oração?
Disse Ricarte é assim.
Por exemplo: A carta ás
Que tem um ponto somente
Me faz
recordar que existe
Um só Deus onipotente
Que quando chamamos por Ele
Oencontramos presente.
Quando eu pego no Dois
Ali premedito eu
Que em duas tábuas
de pedra
O criador escreveu
E quando em sarças ardentes
A Moisés apareceu.
Quando eu pego o Três
Me recordo a divindade
Por exemplo:
as Três Pessoas
Da Santíssima Trindade
Que todos nós conhecemos
O Espírito, o Filho
e o Padre.
O quatro lembra-me as quatro
Maria de Nazaré
Que foram: Maria
Alfa
E Maria Salomé
Madalena e a Virgem Pura
Esposa de São José.
O cinco faz me lembrar
Aquele dia de fel
As cinco chagas de
Cristo
Feitas por mão de cruel
Que matou crucificado
O filho de Deus de Israel.
Quando eu pego no seis
Me vem à imaginação
Que seis dias o
Senhor
Passou na obra da criação
Formou tudo quando existe
Sem em nada por a
mão.
O sete lembra-me a hora
Negra, triste e amargurada,
Os sete
passos de Cristo
Em sua paixão sagrada
E com sete espadas de dores
A mão de
Cristo foi cravada.
No oito vejo as pessoas
Que do dilúvio escaparam
Noé, a
mulher e os três filhos
E três noras se salvaram
O resto as águas cobriram
Aonde todos se afogaram.
Quando eu pego no nove
Me vem a imaginação
Os nove meses
ditosos
Da divina encarnação
Que Jesus passou no ventre
Da Virgem da Conceição.
Quando eu pego no Dez
Não posso mais me esquecer
Que Dez
mandamentos ficaram
Para o mundo se reger
Os Dez se encerra em dois
Como
todo mundo vê.
Quando eu pego a sota
Vem-me a lembrança daquela
Que todo
Jerusalém
Enriqueceu só com ela
Aquela que deu a luz
Ficando a mesma donzela.
Quando eu pego no rei
Me lembro do rei da glória
O ente
mais poderoso
Que já vimos na história
Que não precisa soldado
Para alcançar
a vitória.
Eis aí meu comandante
A razão do seu soldado
Não posso
comprar um livro
Meu soldo é muito mirrado
Por isso compro um baralho
Porque
só custa um cruzado.
Então disse o comandante
Em toda carta falaste
Te
esqueceste do valete
Foi porque não te lembraste?
Não é também uma carta
Porque
não o representaste?
Lhe respondeu o soldado
Valete é carta ruim
Quando eu
compro um baralho
Tiro ela e dou-lhe fim
Tem traços desse sargento
Que
denunciou de mim.
Então disse o comandante
Ricarte tu és passado
Tem vinte
anos de praça
Foi tempo bem empregado
Vou te passar a sargento
E dou-te o
soldo dobrado.
Aluno: Senhor Alcides.
*(imagem - foto colorida tirada da cintura para cima do Senhor Alcides que está sentado na sala de trabalhos manuais em macramê.Ele está vestindo a camiseta amarela que é uniforme da escola es está sorrindo.
Atrás dele tem uma mesas com um tapetes e uma cadeira).
Que lindo essas lembranças.
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